sábado, 21 de março de 2009

Coisas da Razão

Corrupção é uma palavra bem familiar na boca de qualquer brasileiro que use o mínimo da razão. Vem acompanhada de outro termo carregado de significados e adjetivos não tão gloriosos, político. Político, corrupção, Brasília, lavagem de divisas, tráfico de influência, ignorância, pirataria, pobreza; palavras que bem desenhadas sintetizam um pouco nosso país.

Ao andar pelo centro da cidade do Recife e em alguns bairros periféricos assistimos indiferentes e coniventes um amontoado de suportes que vendem produtos piratas. À vista da polícia, eles vendem; à vista da justiça eles vendem. É uma multidão de múltiplos produtos, que se vendem ao arrepio das leis. A ilegalidade estrita comprada e vendida sob o nosso consentimento.

A corrupção, prostituta íntima de Brasília, lança seus tentáculos em todo Brasil. Falta dinheiro para se investir em áreas essenciais para nosso desenvolvimento e sobram os desqualificados para o mercado de trabalho. Resultado, pobre, desqualificado e obrigado a trabalhar para não mendigar. Muitos enveredam pela via mais fácil, pirataria, ilegalidade, corrupção. E quem fornece a pirataria? Quem tem dinheiro para bancar o produto e quem tem arma para garantir a segurança do produto até o consumidor. Se a polícia ostensiva deveria coibir o roubo e o furto que ostensivamente poderemos ser vítimas, certamente gente “armada” ganha com tudo isso. A equação é simples e dinheiro extra é sempre bem vindo. Pega-se a massa desqualificada e sem princípios, como as maiorias das pessoas são e põem a vender produtos que vêm das máfias do mundo inteiro. A polícia tem as armas e os políticos têm o interesse da proteção e da perpetuação desse crime. Resultado é direto, dinheiro fácil e voto fácil e todo mundo que é envolvido ganha de alguma forma.

Estes sub-militares ganham com a mensalidade dos vendedores, quando não são empregados diretos, os agentes sociais são pagos pelos militares e aliciam os eleitores que garantem as vitórias eleitorais. Nunca é uma questão de ideologia, é uma questão de quem paga mais. E todo mundo é culpado e corrupto, do rico ao pobre. Eles se entendem muito bem, pois o espírito que os anima é o mesmo.

Coisas da razão é só parar e pensar. E todos entram na indústria do entretenimento regada a pornografia, violência e morte. E ainda surgem as pessoas que aos montes caem das nuvens e não entendem porque a sociedade está de cabeça para baixo.

Tudo isso é possível, pois vivem numa sociedade sem Deus, sem nobreza, sem espírito de sacrifício. Os maiores criminosos e piratas foram os que lançaram os princípios desse mundo que vive etsi Deuns non daretur (como se Deus não existisse). Mas o que era oculto sempre se revelará... Todo crime se revelará.

Por
Antônio Manuel

Um comentário:

Mariana Fonsêca disse...

A pirataria é a lei da sobrevivência para algumas pessoas que não conhecem o “espírito de sacrifício da vida”. Viver tem se tornado algo metodicamente padronizado, no qual as pessoas necessitam do dinheiro para comprar suas felicidades exibidas em vitrines fúteis. Bem harmoniosa a construção do texto, belíssimo.