domingo, 28 de setembro de 2008

O Pecado; Machado de Assis; a política e o interior

Não há nada mais triste que uma alma que vive apartada de Deus. Debalde tenta sorrir e nisto apenas mostra os dentes amarelecidos por marcas indeléveis donde só a graça divina pode limpar e fazer o purpúreo tornar-se branco como a neve, como preconizava o profeta em tempos imemoriais. Não há nada mais pavoroso que uma cidade repleta de almas que tateiam na escuridão de vícios dos mais diversos matizes. A expressão dos indivíduos ganha um contorno misteriosamente estranho. O olhar se torna vidrado. Os movimentos denunciam que algo imperceptível faz comunhão com cada ato e pensamento que se manifesta. Em geral os homens ficam flácidos e seu olhar só fala arrogância. A situação é pavorosa e não há precedentes a que ponto se decaiu a natureza humana. Parece que nos esquecemos de nós mesmos e a virtude se tornou algo tão banal, tão desprezível que é cansativo só de pensar.

Machado de Assis é caracterizado pelo acentuado cepticismo em relação ao homem. Seu pessimismo talvez fosse além de Pirro e nesses cem anos de sua morte não há como não lembrar de alguns de seus livros nesses tempos modernos. Sempre ouvia de uma tia que é espírita e bem apegada a vaidades que estamos evoluindo. Ó evolução, parece que não chegaste a mim nem a meus pares do mundo moderno. Balela de espírita! Essa conversa de evolução espiritual é um dos maiores conformismo em relação à moral que se ensina descaradamente. Machado, que era espírita, cansou de falar da decadência moral do homem e nada propunha. Parece que o homem é podre até chegar o momento do “plus quântico”, quando teremos os tempos melhores. Esse conformismo budista é tão assassino quanto a atividade danosa dos maus.

Alguns homens se apercebem do valor moral. A política se torna um instrumento dos mais valiosos para se implementar uma forma de congregar os valores de um povo e traduzir os anseios populares através de trabalhos que enriqueçam a sociedade mediante a promoção de valores minimante éticos. É interessante como surgem abnegados aptos a solucionarem os problemas de uma cidade. A política deveria ser um fardo. Os governantes não deveriam perceber vencimentos. Os agentes políticos deveriam agir de maneira a gerir a administração pública só sendo custeado seus gastos básicos. Talvez, dessa forma, possamos antever não uma a parcimoniosa evolução, mas um progresso pelo menos na forma de governar. Infelizmente o sistema atual de representação é uma fabriqueta de gerar canalhas e patifes que se penduram na máquina pública. É um absurdo e causa revolta assistirmos de forma descarada como os assessores, secretários e puxa-sacos vêem a administração como catapulta de suas realizações personalíssimas enquanto a maioria da população fica à míngua.

No interior há graves pecados (sic); sorrisos amarelos; expressões faciais diabólicas. No período eleitoral músicas agonizam a cidade com palavras ofensivas; palavras desrespeitosas e de uma duvidosa qualidade. Perdemos totalmente o senso do ridículo. Mulheres se prostituem e a bacante é regada a álcool e drogas. Enquanto isso a bandeira na gávea tripudia e lançamos ao céu este borrão. Não temos machados pra cortamos esse mal pela raiz; nem Machado para rirmos da situação. A situação não tem graça e não sei até onde vai chegar. Ó Deus, tende piedade, nós não sabemos o que fazemos!
Antônio Manuel da Silva Filho
Catende, 27/09/2008

Um comentário:

Anônimo disse...
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